Anos se passaram desde que aquela criança, que fazia as primeiras garatujas, passasse a dominar a leitura e a escrita e desvendasse o universo misterioso dos números; olhasse a si e aos outros e fizesse as primeiras descobertas, por meio de sua inserção no universo da cultura, a respeito do mundo em que vivia.
O prazer da descoberta, o desafio da conquista e a liberdade de sonhar, tão próprios da criança foram, ao longo do tempo, dando condições para que ela, na interação com parceiros mais experientes, pudesse, ao longo do tempo, desenvolver-se. Nesse sentido, a educação é um processo fundamentalmente social.
A criança cresceu e, recém chegada à adolescência, olha para si e para o mundo com outros olhos. O adolescente, então, deflagra e expõe o ser humano na sua condição mais humana: medos, insegurança, prazeres, desejos, vontades, amores, raiva, sonhos estão todos ali aflorados e atuantes. As relações se complexificam; os conflitos intensificam-se na escola e na família, porém, a compreensão de mundo ganha mais profundidade e a maior capacidade de abstração permite ao processo escolar dar um formato mais acadêmico e reflexivo à aprendizagem, ainda que o aluno, muitas vezes, resista a esse universo mais formal.
Diante das dores do mundo, o adolescente comove-se. Diante das injustiças humanas, ele posiciona-se. Contraditoriamente, sua própria dor quase sempre é maior, a injustiça que a ele atinge é quase sempre mais injusta. Os valores éticos e morais são questionados e cabe à escola criar condições para que ela seja espaço de discussão e consolidação desses valores.
O jovem adolescente amadurece e diante dos dilemas pessoais e das exigências sociais, vê-se cada vez mais próximo do mundo adulto. O final do Ensino Fundamental II simboliza o encerramento de um processo educativo e ritualiza a passagem do aluno para um outro universo no mundo da Educação Básica, que é o Ensino Médio.